Fabiana Murer é um fenômeno.
Na prova mais técnica do atletismo, ela evoluiu num país sem a menor tradição no esporte.
O salto com vara é muito difícil. É a prova onde o atleta vai mais alto.
Entre todas as modalidades, só nos saltos ornamentais da plataforma de 10 m é que se fica mais distante.
Porém, no salto com vara, ela voa. Sai do solo após uma corrida, o encaixe da vara e vai com o corpo nas alturas, a quase cinco metros.
Fabiana chegou a Daegu, no Mundial de Atletismo, sonhando com o pódio, bronze talvez.
Seu treinamento com Elson Miranda, marido e técnico, e o intercâmbio com o mestre Vitaly Petrof, fizeram a diferença.
Fabiana treina há um bom tempo com Petrov na temporada europeia e é companheira da fantástica Yelena Isinbaieva.
Para que vocês tenham uma ideia de quem é Petrov, basta dizer que ele treinou e forjou Serguei Bubka, que quebrou 35 vezes o recorde mundial do salto com vara.
Tive o privilégio de transmitir o momento que Bubka fez 6 metros e 1 centímetro no Goodwill Games em Moscou-1986. Petrov o levou até lá.
O mesmo técnico que lapidou Fabiana para o PAN 2007 e a conquista do ouro. No Mundial, Fabiana foi espetacular.
Suas rivais pelo ouro em Daegu tinham resultados melhores.
Fabiana e Isinbaieva passaram dos 4 m e 65 cm. Também passaram a russa Feofanova e a alemã Strutz.
Mas foi só até aí que Isinbaieva chegou. Quando subiu a barra ela falhou. Aí Fabiana cresceu na competição. Prova aberta. Tudo é possível.
Feofanova, Strutz e Fabiana passaram dos 4,75 m na corrida do ouro.
Só Fabiana e Strutz passaram dos 4,80 m. Para chegar ao ouro, Fabiana teria que superar o recorde sul-americano e sua melhor marca pessoal.
A marca da glória - 4 m e 85 cm. Até hoje, o máximo dela foi 4,82 m.
Ela começou a corrida sorrindo, como que antevendo o que estava por vir.
O apoio da vara e a decolagem alçaram seu corpo para a posição ideal do giro do corpo e flexão da vara.
Com o impulso final, Fabiana fez a soltura da vara e a ultrapassagem da barra em 4 m e 85 cm.
A melhor marca da sua vida.
Depois, tentativas em 4,90 m e 4,92 m com o ouro garantido. Mesmo não passando, Fabiana era campeã mundial.
Pela primeira vez, um brasileiro chegava lá. O velocista Claudinei Quirino, com uma prata e dois bronzes era o melhor até ela vencer.
O melhor de tudo foi bater Isinbaieva e depois ser cumprimentada por Serguei Bubka, que levantou da sua poltrona em Daegu para saudar a brasileira.
Bubka é o Michael Jordan, o PELÉ do salto com vara e suas marcas vão demorar para serem superadas.
Agora ela vive o clima de festa do mundial, mas é presença confirmada no Pan do México.
Então, Fabiana, a gente se vê daqui a pouco em Guadalajara.
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